COVID-19 e Diabetes

Olá, meu nome é Juliana da Silva Souza, enfermeira educadora em diabetes, membro do departamento de enfermagem da SBD, acupunturista e palestrante. Hoje iremos abordar um artigo publicado no periódico Primary Care Diabetes Society de autoria de Su Down, enfermeira consultora em diabetes da revista e tem como título: Covid 19 e Diabetes.

A autora explica de forma direta e de fácil entendimento a relação entre Covid 19 e Diabetes, e aponta que a grande maioria das pessoas que contraírem COVID-19, experimentará apenas sintomas leves da doença e terá uma recuperação breve.

No entanto, as pessoas com diabetes e /ou outras condições crônicas são mais propensas a experimentar sintomas de maior gravidade. Elas podem precisar de internação hospitalar para receber cuidados e intervenção intensiva. Atualmente, sabe-se que dos casos da doença, 81% serão leves, 14% graves e 5% críticos. Os riscos parecem aumentar em pessoas com mais de 70 anos, particularmente aquelas com cardiopatia, diabetes ou doenças respiratórias (Wu e McGoogan, 2020)

Segundo a autora, estamos vivendo um novo tempo, de mudanças sem precedentes. A situação em que vivemos no presente está evoluindo rapidamente e as orientações podem estar sujeitas a alterações repentinas. Por isso, a autora orienta que os leitores continuem consultando alguns sites e estudos para manterem-se atualizados e apresenta alguns links interessantes para consulta como a página da JDRF – Fundação de Pesquisa em Diabetes Juvenil e o periódico Diabetes & Primary Care.

A autora destaca o impacto da pandemia na saúde mental das pessoas com diabetes, pois estas pessoas estão mais propensas a aumentar os níveis de ansiedade neste momento.

O auto-isolamento prolongado poderia ter graves consequências na saúde mental destas pessoas, especialmente se eles já tiverem ansiedade ou depressão. É necessário considerar como esta questão pode ser abordada dentro da comunidade.

Outro ponto enfatizado pela autora são as considerações quanto às prescrições. As pessoas com diabetes, além dos sintomas respiratórios esperados de COVID-19, também correm maior risco de descompensação metabólica enquanto tentam autogerenciar o diabetes em casa.

Por isso a importância de:

  • Garantir que os pacientes tenham suprimentos adequados da sua medicação;
  • Garantir que os pacientes tenham um suprimento aumentado de equipamentos de monitorização neste período. Isto é especialmente importante para quem precise de materiais para monitorar cetonas.

Neste sentido, a autora apresenta uma tabela intitulada “Aconselhamento geral para o gerenciamento de diabetes durante doenças intercorrentes” e destaca 4 pontos: Açúcar, Insulina, Carboidratos e Cetonas.

No tópico Açúcar, a autora orienta:

  • Os níveis de glicose no sangue podem subir perante o Covid-19, mesmo que a pessoa não esteja se alimentando;
  • Aconselha-se a aumentar a monitorização da glicemia sanguínea, se a pessoa tiver acesso a ela;
  • Medicamentos para diabetes (sulfonilureias e doses de insulina) podem precisar ser aumentados temporariamente durante a doença para gerenciar esses níveis elevados de glicose.

No tópico Insulina, a autora aponta:

  • NUNCA interrompa o uso de insulina ou medicamentos via oral;
  • As doses de insulina podem precisar ser aumentadas durante a doença, especialmente se as cetonas estão presentes.

No tópico Carboidratos, enfatiza:

  • Garanta que a pessoa mantenha a hidratação e a ingestão adequada de carboidratos; – Se a pessoa não puder comer ou estiver vomitando, recomenda-se substituir as refeições por fluidos açucarados a fim de evitar hipoglicemias;
  • Se os níveis de glicose no sangue estiverem altos, mantenha a ingestão de líquidos sem açúcar (água);
  • Se os níveis de glicose no sangue estiverem baixos, incentive a ingestão regular de líquidos com açúcar.

E por fim, no tópico Cetonas, a autora destaca:

  • No diabetes tipo 1, recomenda-se checar cetonas a cada 4-6 horas; Se o resultado for positivo, verifique a cada 2 horas;
  • Administre doses extras de insulina de ação rápida (além das doses regulares) com base em dose total diária de insulina se houver cetonas – e orienta o leitor a consultar um algoritmo de correções apresentado no texto;
  • Aconselhe a pessoa a beber bastante água para manter a hidratação a fim de evitar cetonas.

A autora em seguida, apresenta o algoritmo para consulta sobre como proceder o tratamento para pessoas que usam insulina. O algoritmo divide as condutas a serem tomadas em dois blocos: pessoas com diabetes tipo 2 e pessoas com diabetes tipo 1. A primeira conduta para ambos é o teste de glicemia capilar. A partir disso, para cada tipo de diabetes e diante do resultado do teste, a autora apresenta uma pequena tabela com as doses de insulina que  podem ser prescritas. Orienta refazer o teste de glicemia capilar a cada 2-4 horas, a depender da situação apresentada e destaca:

Se o paciente estiver vomitando ou incapaz de ingerir líquidos e/ou controlar os níveis de glicose no sangue ou cetonas, deve procurar aconselhamento médico com urgência e não parar com as doses de insulina mesmo se não estiver se alimentando.

Convidamos os ouvintes para a leitura do artigo na íntegra, em especial para o acesso detalhado do algoritmo apresentado. Obrigada.

Author: Su Down, Diabetes Nurse Consultant; on behalf of the Primary Care Diabetes Society Citation: Down S (2020) COVID-19 and diabetes. Journal of Diabetes Nursing 24: JDN121

References JBDS-IP (2020) Diabetes at the Front Door. A guideline for dealing with glucose related emergencies at the time of acute hospital admission from the Joint British Diabetes Society (JBDS) for Inpatient Care Group. Available at: https://abcd. care/resource/diabetes-front-door Wu Z, McGoogan JM (2020) Characteristics of and important lessons from the coronavirus disease 2019 (COVID-19) outbreak in China: summary of a report of 72 314 cases from the Chinese Center for Disease Control and Prevention. JAMA 24 Feb [Epub ahead of print]. https://doi.org/10.1001/jama.2020.2648

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