IDF lança posicionamento sobre diagnóstico de hiperglicemia intermediária e diabetes tipo 2

Entidade afirma que é importante detectar precocemente o risco de desenvolvimento da DM2, que está crescendo em todo o mundo

A Federação Internacional de Diabetes (IDF) publicou posicionamento sobre a glicemia pós-carga de uma hora para o diagnóstico de hiperglicemia intermediária e diabetes tipo 2.

Muitas pessoas com hiperglicemia intermediária (HI), incluindo glicemia de jejum alterada (GJA) e tolerância diminuída à glicose (IGT, impaired glucose tolerance), conforme definido atualmente pela entidade, progredirão para diabetes tipo 2 (DM2). Há evidências consolidadas de que o DM2 pode ser prevenido por meio de mudanças no estilo de vida e ou medicamentos em pessoas com IGT diagnosticada por glicose plasmática (GP) de 2 horas durante um teste oral de tolerância à glicose anidra de 75 gramas (TOTG). 

Nos últimos 40 anos, muitos estudos, com dados epidemiológicos robustos, confirmaram o valor superior de GP de 1 hora em relação à GP de jejum (GPJ), hemoglobina glicada (HbA1c) e GP de 2 horas em populações de diferentes etnias, sexo e idade na prevenção  de diabetes e complicações associadas à doença, incluindo morte. 

Com a prevalência crescente de diabetes entre a população global, a IDF afirma que é necessário um método mais sensível e prático para detectar pessoas com HI e DM2 para prevenção ou tratamento precoce na trajetória, muitas vezes longa, até o DM2 e suas complicações. 

O posicionamento da IDF revisa as descobertas de que GP ≥ 155 mg/dL (8,6 mmol/L) uma hora pós-carga em pessoas com tolerância normal à glicose (TNG) durante um TOTG é altamente preditivo para detectar progressão para DM2, complicações micro e macrovasculares, apneia obstrutiva do sono, DM relacionado à fibrose cística, doença hepática esteatótica metabólica (DHEM, versão da Diretriz da SBD para MASLD “metabolic dysfunction-associated steatotic liver disease”) e mortalidade em indivíduos com fatores de risco. A GP de uma hora no valor de 209 mg/dL (11,6 mmol/L) também é diagnóstico de DM2. É importante ressaltar que os pontos de corte de GP de 1 hora para o diagnóstico de HI e DM2 podem ser detectados antes dos limites recomendados de GP de 2 horas. 

Tomados em conjunto, a GP de 1 h oferece uma oportunidade para evitar a classificação incorreta do status glicêmico se a GPJ ou a HbA1c forem usadas isoladamente. A GP de 1 hora também permite a detecção precoce de pessoas de alto risco para intervenção, a fim de prevenir a progressão para DM2. 

Os serviços de saúde, de acordo com a entidade internacional, devem considerar o desenvolvimento de uma política de rastreamento baseada na disponibilidade dos recursos humanos e técnicos locais: 

  • Realização de TOTG de 1 hora com 75 g de glicose, após a triagem com uma ferramenta não laboratorial de risco de diabetes (FINDRISC, adotado pela SBD; ou Escore de risco da ADA);
  • Pessoas com GP em 1 hora ≥ 155 mg/dL (8,6 mmol/L) são consideradas como tendo HI e devem receber prescrição de intervenção no estilo de vida e encaminhamento para um programa de prevenção de diabetes; 
  • Pessoas com GP de 1 h ≥ 209 mg/dL (11,6 mmol/L) são consideradas com o diagnóstico de DM2 e devem repetir o teste para confirmar o diagnóstico de DM2 e depois encaminhadas para avaliação e tratamento adicionais. 

Os dados publicados no posicionamento da IDF fornecem, portanto, fortes evidências para redefinir os critérios diagnósticos atuais para IH e DM2, adicionando a GP de 1 hora. Para a dra. Hermelinda Pedrosa, Vice-Presidente Médica da IDF (2022-2025) e  Assessora de Relações Internacionais da SBD, a proposição da IDF com o uso de um biomarcador mais sensível  proporcionará a identificação de pessoas com GPJ e HbA1c normais, porém com alto risco de DM,  e a “intervenção precoce terá impacto no atual cenário de epidemia global de diabetes, como têm apontado as séries históricas do Atlas de DM da IDF, sobretudo em países de muito baixa, baixa e média renda, inclusive o Brasil, que ocupa atualmente a sexta posição no ranking de DM mundial”. 

O Posicionamento da IDF foi elaborado por 22 especialistas de 15 países, inclusive a  Profa. Maria Inês Schmidt (Universidade Federal do Rio Grand do Sul). O tema será foco no 3º Fórum de Atualização e Inovação de Diabetes da SBD. 

Leia o artigo completo neste endereço: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38458916/