Em diabetes, a INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL é uma ALIADA.

Laerte Damaceno, MD, endocrinologista e coordenador do site e redes sociais da SBD.

” A inteligência artificial em diabetes como descrita é uma Aliada”

No ano de 1816 a jovem escritora inglesa Mary Shelley escreveu o que é considerado o primeiro romance de ficção científica, “FRANKENSTEIN, ou o Prometeu Moderno”. Vocalizou as preocupações da sociedade à época com os caminhos que vinham tomando a medicina científica e seus estudos de eletrofisiologia. A obra aborda questões éticas sobre a criação de vida artificial e a responsabilidade do criador pelo que ele cria.

À mesma época o médico francês René Laenec inventou o estetoscópio e mesmo que as conclusões de seus estudos científicos tenham sido publicados na revista médica americana New England Journal of Medicine em 1821, recebeu duras críticas. Os críticos alegavam que o estetoscópio afastava o médico do paciente e desumanizava a prática da medicina. Um Ilustre Professor de Medicina em 1885 declarou a seus alunos: “Deus que nos fez ouvidos para ouvir, usem suas orelhas e não, o estetoscópio”.

Nos dias de hoje um tema que desperta preocupações e temores na sociedade é o uso da Inteligência Artificial em Medicina, mais especificamente, em Diabetes. Estes temores são compartilhados pela comunidade científica representados por cientistas de dados, cientistas de TI, cientistas da saúde que trabalham em sistemas de extremo rigor científico no desenvolvimento de estudos clínicos e na avaliação dos resultados. Os estudos clínicos são previamente aprovados em Comissões de Ética em Pesquisas, existentes em todas as instituições. Por sua vez as Comissões de Ética em Pesquisa baseiam suas normas em decisões superiores de instituições representativas da sociedade como, Nações Unidas, UN, Organização Mundial da Saúde, WHO, Parlamento Europeu, Marcos Legais da maioria dos países, Congresso Nacional brasileiro etc.

Uma vez concluídos, os estudos clínicos são submetidos às revistas científicas para publicação após serem aprovados por comissões independentes constituídas por profissionais de notório saber na área de conhecimento, revisão por pares!

Uma vez publicadas, as pesquisas são amplamente discutidas com a comunidade científica global e quando se tornam produtos finais são previamente aprovados por instituições reguladoras como, FDA(Food and Drug Administration), EMA (European Medicines Agency), ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), etc que trabalham com protocolos rígidos para aprovação de novos produtos.

Duas áreas em que os algoritmos dão grande contribuição aos cuidados em diabetes. A Monitorização Contínua da Glicose (CGM) que no estágio atual é absolutamente essencial ao controle do diabetes, especialmente o DM1, pois muda a compreensão dos eventos diários que interferem na glicose, incluído doses de insulina, alimentação, atividade física etc. A melhor compreensão empodera, dá capacidade de decisão e ação, resultando em melhor controle metabólico, redução de riscos e melhor qualidade de vida. O estágio atual da CGM resulta da evolução nos últimos 20 anos de múltiplas áreas: sensores precisos em medir as variações glicêmicas, gerar dados capazes de serem transmitidos e armazenados em grandes bancos de dados onde podem ser processados gerando padrões que eventualmente se repetem e que podem ser interpretados e validados. Após todo esse processo os dados são renderizados em interfaces gráficas amigáveis permitindo a simples compreensão e o compartilhamento no desktop, no notebook ou no smartphone de profissionais de saúde, familiares e amigos.

Em Mutirões de diabetes realizados no mês de novembro em todo o Brasil, está sempre presente nas mãos de jovens profissionais e nos olhos das pessoas, o PHELCON-EYER. Trata-se um retinógrafo portátil, desenvolvido e produzido no Brasil. Integrado ao smartphone, faz imagens de retina de alta qualidade em poucos minutos, sem necessidade de dilatação da pupila ou profissional especializado. Simultaneamente, disponibiliza as imagens em um sistema na nuvem, permitindo o diagnóstico remoto e resultado imediato, por Inteligência Artifical. Tem baixo custo e o potencial para revolucionar o rastreamento da doença ocular do diabetes no Brasil permitindo abordagens precoces, evitando a progressão para cegueira por diabetes.

A Inteligência Artificial, Machine Learning ou Computação Cognitiva são Sistemas capazes de processar grandes volumes de dados, gerar informações e incorporar as novas informações à base de conhecimentos.

A Inteligência Artificial é uma ferramenta de trabalho disponível para profissionais com diferentes perfis pessoais. Aqueles mais atentos à subjetividade das pessoas em relação à doença tem chances de terem melhores resultados. A inteligência artificial em diabetes como descrita é uma Aliada.

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